Outra noite de insônia. João vai à varanda,
o dia está amanhecendo. Ele sente o sol aquecer seu corpo, a brisa leve, um
vento frio, batem no seu rosto. E finalmente ele se sente em paz de novo. Essa
paz que ele deveria encontrar no lar. Ele reflete e se sente vazio recordando
os últimos acontecimentos. Como conviver com personalidades diferentes todos os
dias? Porque é fácil demais viver harmoniosamente com pessoas que tem atitudes
e ideais como os nossos, mas o que se deve fazer quando tudo é desigual? Como
aceitar opiniões e atitudes contrárias a tudo o que a gente é? João está
cansado de se sentir solitário ao mesmo tempo em que está rodeado de pessoas.
Está cansado de ouvir descriminações e abuso de poder. Está cansado do falso
lar. Cansou da incompreensão e da discriminação. É que ele gosta de fazer coisa
proibida pra sentir livre, pra poder, de algum modo, nem que seja apenas aquele
instante, se sentir ele, ele mesmo, sem amarras e mascaras. Ele quer é voar com
as próprias asas, fazer e seguir seu próprio caminho... Mas João já tem essa
liberdade, só que ele paga um preço alto por ela: Aborrecimentos diários. Está cada vez mais difícil achar na sua alma,
mesmo que ele busque lá no fundo, um dia em que valeu a pena viver naquele lar,
e ele se entristece mais ainda quando lembra que este deveria ser um lugar de
apoio, aconchego e amor e dá nele uma vontade desesperadora de ir embora, mas
lhe falta coragem porque de alguma forma ele se sente amado de um jeito
totalmente torto. O sol começa a
esquentar demais e João volta para dentro e coloca pra tocar uma música de
Maria Bethânia, que vai dizendo “Apesar de você amanhã há de ser outro dia” e
se sente melhor outra vez.
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