segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Familiar.


   Outra noite de insônia. João vai à varanda, o dia está amanhecendo. Ele sente o sol aquecer seu corpo, a brisa leve, um vento frio, batem no seu rosto. E finalmente ele se sente em paz de novo. Essa paz que ele deveria encontrar no lar. Ele reflete e se sente vazio recordando os últimos acontecimentos. Como conviver com personalidades diferentes todos os dias? Porque é fácil demais viver harmoniosamente com pessoas que tem atitudes e ideais como os nossos, mas o que se deve fazer quando tudo é desigual? Como aceitar opiniões e atitudes contrárias a tudo o que a gente é? João está cansado de se sentir solitário ao mesmo tempo em que está rodeado de pessoas. Está cansado de ouvir descriminações e abuso de poder. Está cansado do falso lar. Cansou da incompreensão e da discriminação. É que ele gosta de fazer coisa proibida pra sentir livre, pra poder, de algum modo, nem que seja apenas aquele instante, se sentir ele, ele mesmo, sem amarras e mascaras. Ele quer é voar com as próprias asas, fazer e seguir seu próprio caminho... Mas João já tem essa liberdade, só que ele paga um preço alto por ela: Aborrecimentos diários.  Está cada vez mais difícil achar na sua alma, mesmo que ele busque lá no fundo, um dia em que valeu a pena viver naquele lar, e ele se entristece mais ainda quando lembra que este deveria ser um lugar de apoio, aconchego e amor e dá nele uma vontade desesperadora de ir embora, mas lhe falta coragem porque de alguma forma ele se sente amado de um jeito totalmente torto.  O sol começa a esquentar demais e João volta para dentro e coloca pra tocar uma música de Maria Bethânia, que vai dizendo “Apesar de você amanhã há de ser outro dia” e se sente melhor outra vez.  

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